
A IA não quer seu cargo! Tem gente que ainda acredita que a inteligência artificial acorda de manhã decidida a roubar empregos.
A realidade é bem menos dramática (e bem mais caótica, pra quem trabalha com TI).
A IA, especialmente nos modelos generativos como o ChatGPT, Copilot e etc, não veio substituir ninguém, veio acelerar, automatizar, potencializar.
E, claro, gerar um monte de bugs novos pra gente corrigir no meio do caminho. 😅
Neste artigo, vamos sair do blablablá “a IA vai mudar o mundo” e entrar no que interessa:
como ela já está mudando o jeito que desenvolvemos, testamos e colocamos sistemas em produção —
com prós, contras e uma boa dose de realidade técnica.
⚙️ 1. Casos de uso realistas de IA na TI
📌 Na programação do dia a dia
- Gerador de código boilerplate
Aquela função chata que você repete em todo projeto? A IA te entrega em segundos. Até os imports ela já adivinha.- Boilerplate = código repetitivo, padrãozão, que a gente escreve por obrigação, tipo “Olá, mundo” corporativo.
- Explicação de código legado
“Quem escreveu isso, socorro?” Foi você! Há 2 anos.
A IA traduz seu próprio caos pra português legível. Quase mágica. - Refatoração sugerida
Copilot e ChatGPT já dão um help pra deixar seu código menos gambi.
Eles não substituem a revisão, mas aceleram a faxina.
🧪 Nos testes
- Geração automática de testes unitários
Sabe aqueleassertque você esqueceu? Pois é.
A IA te lembra e ainda gera mocks, se pedir com jeitinho. - Simulação de cenários edge case
Melhor que depender do usuário clicar em tudo errado pra descobrir os bugs.
📚 Na documentação (sim, ela existe!)
- Comentários automáticos
A IA te ajuda a não deixar o código parecendo um enigma egípcio. - Geração de README ou Swagger
Principalmente em APIs, já dá pra gerar doc minimamente decente sem sofrimento.
🚀 No deploy e monitoramento
- Automação com scripts shell / YAML
Configuração de CI/CD em 3… 2… 1… pronto.
Ou quase, né? Testar ainda é seu trabalho. - Alertas e dashboards
Integrações com GPT pra entender logs em linguagem humana já estão virando realidade.
⚠️ 2. Limites e riscos técnicos
😵 Alucinação: quando a IA “inventa” coisas
Ela escreve bonito, com confiança… mas erra. Às vezes, com gosto.
Pode sugerir uma lib que nem existe ou um parâmetro que não tá na função.
Nunca confie sem testar!
IA sem validação = gambi com um nome bonito.
🔓 Vazamento de dados sensíveis
Se você copia e cola código da empresa com dados reais num prompt público, tá pedindo pra vazar.
IA não é confidente. É algoritmo.
🎯 Viés nos modelos
A IA é tipo aquele dev júnior que aprendeu tudo com Stack Overflow: repete o que viu sem saber se tá certo.
Se foi treinada com código ruim ou enviesado, ela vai replicar.
“O ChatGPT fez assim” não é argumento técnico.
🧠 3. Validação humana: ainda somos necessários, viu?
Por mais que a IA já entregue código, explique lógica, simule testes e até comente docs, ela ainda precisa de gente que entenda o que está fazendo.
E essa gente somos nós, devs, analistas, testers, QA, sysadmins, PMs que viraram PO,
PO que virou dev e todo mundo que aperta botão e resolve bug.
🧪 Verifique. Sempre.
A IA erra. Às vezes sutil, às vezes feio.
Um else fora do lugar e pronto: seu sistema manda email de cobrança pra quem pagou em dia.
Nem tudo que compila, funciona.
E nem tudo que funciona hoje, vai funcionar depois do update.
Teste de verdade, não só na confiança.
🧩 Contexto é tudo.
A IA não sabe da treta entre os microserviços, da gambiarra histórica que ninguém mexe porque “tá funcionando”, ou da tabela com 3 triggers recursivas que quebram tudo se você encostar.
Só você sabe.
Ela é boa de código.
Você é bom de contexto.
🧯Você ainda apaga incêndio. Não ela.
Na hora do “URGENTE PROD PARADO”,
é você que vai abrir log, tentar entender stacktrace
e descobrir que o problema era um null no campo telefone_alternativo_3.
A IA pode até ajudar…
Mas não vai carregar esse B.O. sozinha.
🤝 4. Como integrar IA de forma estratégica (sem virar refém do prompt)
A IA pode ser uma baita aliada no trabalho.
Mas como tudo que parece mágica, exige jeito de usar.
Se você já caiu num loop infinito de refinamento de prompt ou copiou um código que quebrou tudo, sabe bem do que tô falando.
Bora fazer direito:
🛠️ Use como ferramenta, não como guru
Ela é uma ferramenta poderosa, mas não é seu tech lead.
Não precisa tratar com reverência.
Trate como você trata o Stack Overflow: com senso crítico, testes e revisão.
Exemplos de uso legal:
- Esboçar testes unitários
- Refatorar trechos grandes
- Gerar código repetitivo (boilerplate, lembra dele? 👀)
- Criar scripts, consultas SQL ou regex, principalmente quando você tá sem café
Mas sempre revendo com seus olhos de quem conhece o sistema…
🔐 Nunca cole dados sensíveis
Pelo amor do LGPD e do bom senso:
não cole código com senha, IP, dados de cliente, CPF, matrícula ou aquele token escondido que o dev anterior deixou hardcoded.
IA generativa não é lugar de dump de produção.
🧠 Prompts bons vêm com prática
Você não precisa ser um “prompt engineer” profissional.
Mas saber explicar o contexto e o que espera faz toda a diferença.
Comece simples.
Se o retorno não ficou bom, refine como se estivesse explicando pra um estagiário esperto:
direto, com contexto, sem enrolar.
Exemplo:
"Crie um endpoint em FastAPI com autenticação básica, conectando em SQLite, com exemplo de requisição. Só código, sem comentários."
💾 Registre o que funcionou
Criou um prompt bom?
Salva. Copia num Notion, bloco de notas, onde quiser.
A IA não tem memória das suas preferências (ainda), mas você tem.
Isso vira ouro quando precisar fazer algo parecido depois.
🚀 Conclusão
💥 Calma… a verdadeira ameaça talvez nem seja a IA.
É o modelo de trabalho que ainda trata gente como máquina ⚙️
Que mede produtividade por horas logadas.
Que exige entrega robótica e resposta imediata, enquanto você tenta respirar, no meio de uma reunião que podia ser um e-mail.
Esse modelo sim, precisa ser questionado antes de virar benchmark com IA.
Use a IA. Não seja usado por ela.
E se der ruim… você ainda sabe dar CTRL+Z.
Fique à vontade pra comentar, discordar ou me pagar um café. ☕😉